Cartilha de aplicação de rochas ornamentais
APRESENTAÇÃO
O programa SENAI “Apoio à modernização do Setor de Rochas Ornamentais” é o legado do Projeto “Apoio à Modernização do Setor de Mármore e Granito”, que iniciou uma mudança tecnológica e organizacional nas empresas que compõem este importante setor da economia brasileira.
Especificamente, em 1994, o SENAI, sob a coordenação de seu Departamento Nacional, em parceria com a UNIDO, Organização das Nações para o Desenvolvimento Industrial, deu partida a um esforço conjunto para capacitação de seus técnicos, tendo como objetivo o aumento de competitividade entre as empresas do setor de Rochas Ornamentais e a conseqüente agregação de valor em seus produtos finais.
O projeto inicial conseguiu identificar todas as atividades da cadeia produtiva do setor de Rochas ornamentais, bem como a composição organizacional dentro dos segmentos de Extração, Beneficiamento e Aplicação.
Dentro do segmento de Aplicação, observou-se a falta de literatura destinada à orientação de usuários de rochas ornamentais na construção civil. O SENAI, atento a este problema, teve como meta conhecer e disseminar as informações relevantes assim como entender os problemas correspondentes a esta atividade e difundir as possíveis soluções.
Reafirmando o compromisso, o SENAI vem por meio desta cartilha estabelecer procedimentos básicos para auferir resultados e satisfazer às necessidades do setor de Rochas Ornamentais em sua área específica de aplicação.
José Manuel de Aguiar Martins
Diretor Geral do SENAI/DN
Capítulo 1 - INTRODUÇÃO
A publicação deste manual de recomendações para aplicação de rochas ornamentais é um produto do Programa SENAI de “Apoio à Modernização do Setor de Rochas Ornamentais” e foi desenvolvido ao longo do ano de 1999 pela equipe técnica e pelo comitê do programa, com a colaboração do consultor Arq. Cesare Ferraci e coordenação da área de Tecnologia do SENAI/DN.
Esta cartilha é um instrumento desenvolvido para auxiliar os profissionais de todos os níveis ligados à área de aplicação de rochas ornamentais, a auferir conhecimentos básicos de forma esquemática. O maior interesse do SENAI na publicação deste material é o de elevar o nível de compreensão dos profissionais e, assim, preservar a qualidade destes materiais e da execução das obras brasileiras.
O SENAI está buscando com essa cartilha proporcionar, aos profissionais da área, um conhecimento sobre as virtudes e os cuidados que caracterizam estes materiais, bem como a boa técnica para o seu assentamento. Assim, o SENAI se coloca à disposição para atender às demandas futuras que possam ser necessárias ao bom desenvolvimento deste setor.
Capítulo 2 - CONCEITUAÇÃO
As rochas ornamentais são materiais que agregam valor principalmente através de suas características estéticas, destacando-se o padrão cromático, desenho, textura e granulação.
No tocante à classificação comercial. Os principais tipos de rochas ornamentais são os granitos e os mármores. Outros tipos rochosos também incluídos no campo das rochas ornamentais são os travertinos, quartzitos, arenitos, conglomerados, ardósias, etc. Rochas que não requerem acabamento de superfície para sua utilização em revestimentos são genericamente referidas no mercado como pedras naturais.
A seguir são apresentadas, de modo simplificado, as principais características desses materiais:
2.1 OS GRANITOS
Para o setor de rochas ornamentais o termo “granito” designa um amplo conjunto de rochas silicáticas, compostas predominantemente por quartzo e feldspato. Abrangem rochas homogêneas (granitos, sienitos, monzonitos, charnoquitos, diabásios, basaltos, etc.) e as chamadas “movimentadas” (gnaisses e migmatitos).
As cores das rochas são fundamentalmente determinadas pelos constituintes mineralógicos. Os minerais formadores dos granitos (lato sensu) são definidos por associações varáveis de quartzo, feldspatos, micas, piroxênios e anfibólios, com diversos minerais acessórios em proporções reduzidas. O quartzo normalmente é translúcido, incolor ou fume; os feldspatos conferem a coloração avermelhada, rosada e creme-acinzentada nos granitos. A cor negra, variavelmente impregnada na matriz das rochas, é conferida por teores variáveis de mica (biotita), piroxênio e anfibólio, principalmente.
A resistência à abrasão dos granitos é normalmente proporcional à dureza dos seus minerais constituintes. Dentre estes minerais, de acordo com a Escala Mohs, temos o quartzo com dureza 7 e os feldspatos com dureza 6. Entre os granitos, a resistência ao desgaste será normalmente, tanto maior quanto maior a quantidade de quartzo.
2.2 OS MARMORES E TRAVERTINOS
As rochas comercialmente designadas por mármores englobam lato sensu as rochas carbonáticas, incluindo calcários, dolomitos e seus correspondentes metamórficos (os próprios mármores). Os calcários são rochas sedimentares compostas principalmente de calcita (carbonato de cálcio), enquanto os dolomitos são rochas também sedimentares formadas sobretudo por dolomita (carbonato de cálcio e magnésio). Os mármores resultam do metamorfismo (modificações ocorridas na rocha devido a variações nas condições de pressão e temperatura, em relação ao ambiente de origem) de calcários e dolomitos.
Nos mármores, o padrão cromático é definido por minerais acessórios e impurezas, pois os constituintes principais (calcita e dolomita) são normalmente brancos. A dureza (resistência ao risco) é sensivelmente menor nos mármores do que nos granitos, pois seus constituintes (calcita e dolomita) apresentam dureza na Escala Mohs entre 3 e 4; nos granitos, como vimos anteriormente, as durezas (do feldspato e do quartzo) são, respectivamente, 6 e 7.
Para se distinguir um mármore de um granito, dois procedimentos simples são recomendados: os granitos não são riscados por canivetes, chaves ou pregos, como os mármores; e os mármores reagem ao ataque do ácido clorídrico (ou muriático), efervescendo tanto mais intensamente quanto maior o seu teor em calcita.
Os travertinos, a exemplo dos calcários, são rochas carbonáticas essencialmente calcíticas (carbonato de cálcio). Podem apresentar-se pouco ou não metamorfizadas e são definidas pela sua coloração bege-amarelada. Apresentam características físicas muito heterogêneas, marcadas por bandeamento concêntrico ou tubular, cavidades, estruturas alveolares, feições brechóides e freqüentes impurezas argilosas e silicosas. No setor de rochas ornamentais os travertinos são comumente referidos como mármores.
No Brasil, diversas ocorrências de travertinos são descritas e assinaladas em mapas geológicos, com depósitos mais expressivos na região Nordeste e particularmente explorados na Bahia.
2.3 QUARTZITOS, ARENITOS E CONGLOMERADOS
Quartzitos e arenitos são rochas compostas essencialmente por quartzo. Geralmente, arenitos são rochas sedimentares clásticas (originadas do acúmulo e consolidação de sedimentos de granulação areia: 0,02 a2,0 mm), enquanto os quartzitos originam-se a partir de metamorfismo de rochas sedimentares mais porosos e menos resistentes do que os quartzitos. A composição quartzosa (dureza 7) de arenitos e quartzitos lhes confere alta resistência ao risco e ao desgaste abrasivo.
Algumas variedades de quartzitos são relativamente flexíveis e desenvolvem desplacamento em planos preferenciais de foliação, determinados sobretudo pela orientação de placas de mica.
Arenitos com estrutura estratificada ou laminada podem permitir desplacamento ao longo das camadas, geralmente sobrepostas e paralelas entre si.
Conglomerados são também rochas sedimentares clásticas, que diferem dos arenitos por apresentarem constituintes (sedimentos) de maior diâmetro (superior a 2,0 mm). Tais constituintes, referidos como seixos e grânulos, compõem-se basicamente de fragmentos de quartzo e tipos variados de rocha (quartzitos, granitos, gnaisses, etc). Os conglomerados utilizados como rocha ornamental geralmente acham-se afetados por metamorfismo, o que lhes confere maior coesão entre os grãos e maior resistência mecânica.
2.4 ARDÓSIAS
Ardósias são rochas metamórficas de baixo grau, pelíticas, que têm clivagem ardosiana, isto é, orientação planar preferida de minerais placóides. Por causa disto, partem-se segundo superfícies notavelmente planas. Compõem-se essencialmente de mica (muscovita-sericita), quartzo e clorita. São homogêneas, apresentam dureza média, e podem ser encontradas nas cores cinza, verde, preta, roxa e ferrugem.
Capítulo 3 - CARACTERÍSTICAS TECNOLÓGICAS
Os avanços tecnológicos, observados nos processos de assentamento, permitiram o aproveitamento e difusão de diversas rochas anteriormente não comercializadas, enquanto as novas utilizações viabilizaram soluções estéticas e funcionais muito interessantes e confiáveis na construção civil.
Assim como outros materiais sólidos, as rochas utilizadas para ornamentação e revestimento sofrem solicitações naturais e artificiais, que provocam desgaste, perda de resistência mecânica, fissuração, manchamento, eflorescência de sais e mudanças de coloração.
A melhor medida preventiva para esses problemas é a correta especificação das rochas diante dos usos pretendidos, observando-se o efeito estético desejado, porém respeitando-se as características tecnológicas dos materiais.
O entendimento das variáveis tecnológicas constitui fator de proteção e garantia para fornecedores, especificadores, construtores e consumidores, além de representar a forma mais efetiva de valorização das rochas como materiais de ornamentação e revestimento.
Para a definição desses e de outros parâmetros igualmente importantes, recomenda-se que todos os materiais rochosos de ornamentação e revestimento sejam submetidos a ensaios de caracterização tecnológica.
Os ensaios das solicitações, sendo já exigíveis pelos consumidores e constando como itens obrigatórios em catálogos fotográficos promocionais dos grandes fornecedores.
Os ensaios mais importantes designados como “índices de qualidade” são: análise petrográfica; índices físicos (porosidade, absorção d’água e densidade); desgaste abrasivo Amsler; dilatação térmica linear; resistência á tração na flexão; resistência á compressão uniaxial.
A partir dos resultados desses ensaios, podem ser definidas as possibilidades de utilização das rochas para diferentes ambientes e finalidades nas edificações. Tais possibilidades incluem o uso em revestimentos de pisos, fachadas, bancadas, pias, colunas, arte funerária, e muitos outros.
Capítulo 4 - POSSIBILIDADES DE UTILIZAÇÃO
As rochas ornamentais são materiais nobres, tipificadas por uma longa lista de características que determinam seu uso, destacando-se: o efeito estético, a durabilidade, a resistência mecânica, e a flexibilidade no uso, permitindo a obtenção de peças com formatos e dimensões variáveis.
Este material é adequado para qualquer local em uma edificação ou residência, sendo a infinidade de usos e características seu ponto marcante, fato este que confere uma personalidade única a cada peça ou conjunto de peças. A possível utilização deste material e o local de sua aplicação são tão diversos como suas cores. A seguir, citamos algumas aplicações mais comuns:
- Revestimento de Pisos;
- Revestimento de Escadas;
- Revestimento de Paredes;
- Revestimento de Fachadas;
- Bancadas de Pias e Lavatórios;
- Móveis e Tampos;
- Peças de Decoração;
- Colunas Maciças;
- Arte Funerária.
Tais indicações demonstram acima de tudo a facilidade do uso e a flexibilidade do material bem como a complexidade desta indústria.
Capítulo 5 - MOVIMENTAÇÃO E ARMAZENAMENTO DAS PLACAS POLIDAS NA MARMORARIA E NO CANTEIRO
As peças de rochas ornamentais, após o polimento, devem receber um tratamento cuidadoso. Sua movimentação e armazenagem requerem cuidados especiais, de extrema importância para a qualidade final do produto. Quando as peças chegam à obra, devem ser tomadas providências para que sua movimentação e armazenagem ocorram de modo a não expô-las a riscos de quebras e agressões externas.
Recomenda-se que as placas, primordialmente, sejam mantidas na marmoraria ou no canteiro e, quando transportadas, estejam apropriadamente embaladas. Quando da impossibilidade de se embalar as peças de rochas ornamentais, recomenda-se os seguintes cuidados:
- As peças, quando transportadas para o canteiro, devem ser mantidas na posição vertical;
- As peças não devem estar em contato, em qualquer de suas extremidades, verso ou anverso, com água ou umidade, ou qualquer tipo de substância agressiva, até o momento do assentamento;
- As placas devem ser armazenadas verticalmente (Figura 1), com duas ou mais tiras de espaçadores (filme ou laminados plásticos; isopor; poliuretano expandido; polipropileno; papéis incolores, como por exemplo: papel manteiga, papel de seda, etc.) entre elas. Quando houver impossibilidade de utilização destas tiras, deve-se garantir a isenção de poeira entre as partes polidas;
- Recomenda-se que o ambiente de armazenagem seja de acesso controlado, tendo-se em vista a integridade e preservação das peças, bem como sua segurança;
- Recomenda-se também que as peças sejam colocadas em local elevado em relação ao solo; e apoiadas sobre madeira inerte, para evitar a liberação de pigmentos (para uso genérico, pode-se utilizar a madeira Pinus);
- As peças de dimensões maiores, quando houver impossibilidade de estarem embaladas, devem ser armazenadas em cavalete, feitos com madeira inerte ou envolvidos por materiais plásticos;
- Não é recomendada a armazenagem das peças de rochas ornamentais em pilhas altas, que não tenham estabilidade ou possam provocar empenamentos;
- Chapas especiais (pouco espessas, com rasgos, furos, etc.), mas frágeis e delicadas, requerem cuidados adicionais para o seu armazenamento e manuseio. Recomenda-se que as peças sejam embaladas individualmente e que as áreas rasgadas ou perfuradas sejam protegidas internamente com materiais semiflexíveis (isopor, poliuretano expandido, polipropileno, ou similares).
Capítulo 6 - RECOMENDAÇÕES PARA APLICAÇÃO
Quando se pensar em assentamento de pesos com rochas ornamentais, deve-se inicialmente observar a subestrutura, que é a base de confecção do revestimento. Conforme se observa nas Figuras 3 e 4, deve-se seguir uma seqüência de procedimentos que são indispensáveis à boa execução dos trabalhos de aplicação e, assim, garantir a integridade e a durabilidade do piso como um todo.
As rochas ornamentais que são de difundido uso, têm como características relevantes a porosidade, a capacidade de absorção d’água e a presença eventual de substâncias reativas ou alteráveis em presença de água. Essas propriedades devem ser lembradas quando do assentamento, pois elas justificarão o isolamento da rocha, em relação ao solo ou outro gerador de umidade.
Conforme segue:
- Argamassa é a camada responsável pela ligação entre o contrapiso e as peças de rochas ornamentais. Como existem vários tipos de argamassas, este tema merecerá um capítulo à parte (Item 7);
- Contrapiso é a camada que é executada para regularizar a superfície de assentamento, bem como para proporcionar uma base estrutural de sustentação. Deve ser o mais nivelado possível e não deve estar ligado à estrutura ou às paredes da edificação. Recomenda-se, ainda, manter um afastamento de 5 a 10 mm da superfície da borda;
- Impermeabilização é a camada que tem por função isolar as camadas superiores da umidade proveniente do solo. É possível aplicar uma lona plástica (conhecida nas obras como plástico preto) entre o contrapiso e a camada de concreto magro, tomando os cuidados necessários para garantir a integridade da lona (ausência de perfurações, rasgos). Podem também ser utilizados produtos químicos impermeabilizantes, devendo-se preferir os de características flexíveis;
- Concreto magro é a camada que será utilizada para regularizar a superfície do solo e não permitir o contato direto entre a impermeabilização e o solo;
- Solo ou sub-base constitui a camada inferior do sistema de revestimento. Para prevenir a ocorrência de problemas na superfície rochosa (manchamentos, descamações, etc.), provocados pela migração da umidade ou sais minerais, freqüentemente presentes no solo, esta camada deverá estar perfeitamente isolada das placas de piso;
Alternativamente, pode-se utilizar uma camada de brita graduada, com cerca de 20 cm deespessura, em substituição à impermeabilização. Esta camada é aplicada diretamente sobre o solo ou sub-base, sendo recoberta pelo concreto magro.
Capítulo 7 - RECOMENDAÇÕES PARA ARGAMASSA
A argamassa é a substância composta que faz a ligação entre a placa de rocha ornamental e o contrapiso. Sendo assim, deve-se tomar cuidados na seleção dos componentes e no seu modo de preparo, considerando-se as características da rocha e os ambientes e finalidades da obra. As substâncias que compõem as argamassas, seu traço e modo de preparo, podem comprometer tanto o padrão estético, como a resistência mecânica das peças assentadas. Inicialmente deve-se observar os agregados e tipos de técnicas de assentamento que serão utilizados.
Na escolha de uma argamassa, deve-se levar em conta primordialmente as propriedades tecnológicas da rocha utilizada. A priori, recomenda-se para granitos e mármores de tonalidades claras, o emprego das argamassas claras, ou compostas por cimento branco de procedência conhecida.
No canteiro da obra, para confecção e preparo da argamassa, deve-se considerar os seguintes cuidados:
• Utilizar areia média lavada (peneirada; isenta de impurezas argilosas, orgânicas ou ferruginosas);
• A água deve ser isenta de impurezas e quimicamente neutra. Não deverá ser transportada ou armazenada em latas ou recipientes metálicos que possam liberar resíduos oxidáveis, os quais provocam manchamento na rocha;
• O cimento deverá ser de procedência e notoriedade reconhecidas e ser do tipo CP 32. Para aplicação de rochas claras, enfatiza-se, há necessidade de utilização de cimento branco.
Tradicionalmente, na construção civil brasileira, utilizam-se dois tipos de argamassa, para aplicação de granitos e mármores, a saber:
1) Argamassa semi-seca (“farofa”) – como o próprio nome sugere, deve ter consistência de farofa, isto é, não pode ser seca e também não pode ser excessivamente úmida. O traço sugerido para este trabalho é o seguinte:
Insumo 1 m3 de Argamassa
Areia lavada 1 m3
Cimento 400 kg
Deve-se evitar a adição de cal na argamassa, pois apesar de proporcionar maior trabalhabilidade, pode provocar o surgimento de eflorescências na superfície rochosa.
A argamassa deve ser aplicada após alguns passos importantes, que são descritos a seguir:
• Determinar os níveis de referências que serão utilizados como guias ao longo do assentamento;
• Colocar argamassa em quantidade suficiente para o nivelamento;
• Pré-compactar a argamassa;
• Desempenar a argamassa;
• Polvilhar pó de cimento sobre a argamassa pré-compactada;
• Aspergir água sobre o pó de cimento polvilhado;
• Assentar a peça de rocha ornamental, com auxílio de martelo de borracha;
2) Argamassa adesiva (“cimento-cola”) – como se trata de um produto industrializado, deve-se seguir o modo de preparo sugerido pelo fabricante. Recomenda-se, neste método, um cuidado especial no nivelamento do contrapiso, pois a camada de argamassa adesiva não pode exceder a espessura de 5 mm, devendo ficar entre 3 e 5 mm. Deve-se preferir argamassa branca para rochas de tonalidade clara.
Capítulo 8 - RECOMENDAÇÕES PARA EXECUÇÃO DE JUNTAS
As juntas constituem os espaços entre as placas rochosas. As denominações utilizadas no mercado incluem os termos: juntas secas (para espessuras inferiores a 0,5 mm), juntas finas (para espessuras entre 0,5 mm e 3,0 mm e juntas largas (para espessuras maiores que 3,0 mm) Destinam-se a permitir acomodações provocadas por dilatação térmica e deformações estruturais. Promovem um alinhamento entre as peças e proporcionam acabamento estético, realçando a beleza da rocha.
Para execução de juntas, recomenda-se os seguintes cuidados:
• As superfícies que fazem a interface entre a borda dos pisos eparede próxima deverão distar de 5 a 10 mm, e seu acabamento deverá ser feito pelo rodapé;
• O dimensionamento das juntas depende do ambiente de aplicação, bem como das características físicas do material, especificamente o coeficiente de dilatação térmica linear.
Parede
Contrapiso
Piso de rocha ornamental
Junta
Polipropileno ou isopor
Silicone
Rodapé
Capítulo 9 - RECOMENDAÇÕES PARA APLICAÇÃO DE REJUNTES
Na aplicação de rejuntes em pisos de rochas ornamentais, devem ser tomados vários cuidados, visando garantir efetividade e precisão na execução. Encontram-se à disposição no mercado produtos industrializados para rejuntamento (à base de cimento portland ou resina epóxi), com diversas colaborações, o que possibilita combinações estéticas bastante apreciadas. Para juntas finas, natas de cimento são comumente utilizadas em rejuntes (Figura 7)
Para aplicação do rejunte recomenda-se:
• Aguardar 72 horas após o assentamento;
• Proceder à limpeza das juntas para remoção dos resíduos capazes de prejudicar a aderência do rejunte à rocha;
• Fazer o espalhamento da argamassa de rejuntamento (à base de cimento portland) com o auxílio de um rodo de borracha ou espátula plástica. Não utilizar espátulas metálicas, pois estas poderão riscar a rocha.
• No mínimo 15, no máximo 40 minutos, após a aplicação, deve-se limpar as partes polidas, utilização esponja úmida e limpa;
• Para ambientes úmidos recomenda-se produtos à base de resina epóxi (Foto 7)
Argamassa de rejuntameto
Piso
Argamassa de assentamento
Capítulo 10 - RECOMENDAÇÕES PARA PROTEÇÃO DE PISOS
Concluído o trabalho de aplicação dos pisos, deve-se proceder à sua proteção, levando-se em conta o tipo de rocha e as características da obra, sobretudo no que se refere à intensidade do tráfego de pessoas e a movimentação de produtos, máquinas e equipamentos previstos para a obra.
Assim, descrevemos, a seguir, algumas técnicas usualmente utilizadas para a proteção de pisos submetidos a tráfego baixo, moderado ou intenso.
Tráfego Baixo: Nesta situação poderá ser realizada apenas estendendo-se uma lona plástica (lisa ou do tipo “bolha”), nylon ou tecido impermeável sobre o piso. Deve-se cuidar para que o material utilizado não libere pigmentos capazes de manchar a rocha, recomendando-se os de tonalidade clara ou incolor.
Tráfego Moderado: Em ambientes sujeitos a médio tráfego, a técnica de proteção sugerida é a colocação, sobre o piso, de lona plástica (semelhante á descrita anteriormente) recoberta por tecido. Sobre o tecido deve-se aplicar uma camada, com cerca de 1 cm de espessura, de pasta de gesso (Foto 8).
A aplicação de tecidos coloridos (como juta ou “sacos de estopa”) e camada de pasta de gesso diretamente sobre a superfície rochosa (Figura 8) deverá ser avaliada cuidadosamente, pois poderá provocar manchamentos de difícil remoção.
Tráfego intenso: Para resistir às agressões provocadas por elevado tráfego de pessoas e movimentação de produtos, máquinas e equipamentos, os pisos devem ser rigorosamente protegidos. Nestes casos recomenda-se a aplicação das camadas de lona plástica + tecido + pasta de gesso descritas no item anterior, acrescentando-se a colocação de placas de madeira compensada ou “madeirite”, com espessura mínima de 5 mm. Opcionalmente, para rochas delicadas, pode-se inserir placas de isopor entre a lona plástica e as placas de madeira ou “madeirite”.
Placas de rocha ornamental
Lona plástica
Placas de isopor
Placas de madeira
Obs: Deve-se destacar que qualquer que seja a técnica de proteção adotada, esta só deverá ser realizada após a secagem total das placas de rocha e do rejuntamento.
Capítulo 11 - MEDIDAS DE CONSERVAÇÃO DURANTE O USO
As rochas ornamentais por sua beleza e durabilidade, constituem materiais de revestimento que conferem nobreza aos ambientes e proporcionam maior valorização financeira ao empreendimento.
A conservação das propriedades estéticas dos revestimentos rochosos por longo período de tempo (superior a todos os demais materiais) poderá ser obtida se medidas simples de conservação forem adotadas durante o uso.
Por via-de-regra as medidas de conservação são estabelecidas com base no conhecimento das características físico-mecânicas e químicas das rochas, obtidas a partir de ensaios laboratoriais. Entretanto, a título de orientação geral, apresenta-se, a seguir, algumas recomendações que podem ser úteis para a conservação de pisos de granitos e mármores, em diversas situações observadas durante o uso:
• Proteger a superfície rochosa polida do desgaste abrasivo e riscamento por metais, areia, vidros e outros materiais duros, durante e depois da obra.
• Evitar o contato das rochas com óleos, graxas, materiais ferruginosos (pregoa, palhas de aço, etc.), pó ou fragmentos de madeira úmidos, cigarros e outros produtos decomponíveis e pigmentantes. Mármores em geral e alguns granitos são sensíveis ao ataque químico por soluções cítricas (especialmente limões).
• Realizar a limpeza utilizando apenas pano úmido ou produtos de limpeza de pH neutro. Evitar produtos quimicamente agressivos (ácidos, água sanitária, amoníaco, soda cáustica, cloro, etc) ou abrasivos (sapólio).
• Em ambientes constantemente molhados, proceder à aplicações periódicas de produtos hidro-óleo-repelentes próprios para granitos e mármores.
SENAI/DN
NETEC – Unidade de Negócio Tecnologia
Milton Fontenelle Moreira Filho
Coordenador do Programa SENAI “Apoio à Modernização do Setor de Rochas Ornamentais”
Equipe Técnica
André Luiz Mesquita Dourado – Coordenador – SENAI/MS
Antônio Carlos Nepomuceno Nunes – SENAI/MG
Eleno de Paula Rodrigues – Coordenador – SENAI/SP
Fabian Carmo Diniz – SENAI/DN – COTIN
Gilmar Silveira – SENAI/SP
COINF – Unidade de Conhecimento Informação Tecnológica
Wladimir Bezerra Luz
Coordenador
Larissa Rodrigues Silva
Normalização bibliográfica
Cesare Ferrari
Consultor
Roberto Azul
Revisor gramatical